
Tudo começou na madrugada de 8 de janeiro de 1979, quando uma viatura da Polícia Militar foi surpreendida pelo pedido de ajuda do mecânico Sérgio Pregnoletto, visivelmente abalado,que dizia estar sendo perseguido por uma luz misteriosa em pleno centro da cidade.
O relato do mecânico dava conta de que um objeto luminoso de grande resplandecência apareceu sobre o seu carro quando ele se preparava para entrar na garagem de sua casa.
“Era quase como se fosse dia”, disse Pregnoletto.
Temendo por seus familiares, ele saiu em busca de socorro. O objeto luminoso sobrevoou a avenida Nogueira Padilha, deixando o motorista do veículo em pânico.
A vítima foi atendida pelos policiais, que imediatamente iniciaram uma ronda para verificação dos fatos e acabaram vendo o objeto. Transmitindo o alarme para as demais radiopatrulhas de plantão, em pouco tempo, oito equipes da PM estavam envolvidas na operação.
Seguiu-se uma intensa movimentação que terminou em frente à pedreira São Domingos, ao lado do Morro da Mariquinha.
Em depoimento aos jornalistas, os policiais militares Pandulfo e Costa declararam que enviaram sinais de luz, com o holofote do veículo, em direção ao objeto e que o objeto parecia responder, mudando a intensidade das luzes quando os holofotes eram acesos.
O objeto estranho permaneceu no local até o dia raiar, quando sumiu inexplicavelmente.
No dia seguinte à primeira aparição, a notícia já era de domínio público e o local virou centro de atenção de curiosos e estudiosos de várias localidades.
No dia 10 de janeiro de 1979, o Jornal Cruzeiro do Sul noticiava que a luz misteriosa tinha sido avistada novamente rondando o céu sorocabano.
“Desta vez a aparição foi precedida de estranhos fenômenos como uma explosão luminosa nas proximidades da Represa de Itupararanga e um blecaute, que por duas vezes deixou a cidade às escuras”, noticiaram os jornais.
A notícia dizia, ainda, que as luzes surgiram no mesmo lugar de antes, a pedreira São Domingos, e que mais de 50 pessoas estavam a postos para observá-la.
Testemunhas do misterioso fenômeno relataram aos jornais que o objeto movia-se muito lentamente e parecia ter surgido do próprio chão, ficando suspenso sobre o morro, e suas luzes, de tonalidade azul, amarela e às vezes vermelha, eram tão intensas que ofuscavam a visão.
“Surgiu inesperadamente logo após uma explosão sem ruídos e com muita luz. Em seguida, as luzes da cidade se apagaram e nem mesmo a ‘Light’ (antiga companhia de energia da cidade) conseguiu uma explicação convincente para o fenômeno”, contou uma das testemunhas presente no local.

Finalmente, no dia 13 de janeiro daquele ano, mais de 5 mil pessoas vieram ao Morro da Mariquinha para ver o objeto.
Cerca de mil veículos entre carros, ônibus e caminhões, estavam parados no quilômetro 95 da rodovia Raposo Tavares, à espera do OVNI. Mas, naquele dia, ele não apareceu lá, mas na Fazenda Ipanema, em Iperó, cerca de 30 quilômetros de distancia de Sorocaba.
“Foi observado por uma equipe inteira da polícia rodoviária, a quilômetros de distância”, diziam as notícias nos jornais.
Depois de três semanas do ocorrido, binóculos e telescópios desapareceram das lojas e os jornais diziam que os fatos já haviam chegado ao conhecimento da NASA.
Até o extinto supermercado ‘Vem-Ká’, na Avenida Nogueira Padilha, que havia sido sobrevoado pelo OVNI, entrou na onda e lançou uma propaganda valendo-se do ‘interesse dos ETs por seus preços baixos’!”.
Um ano antes do Caso Mariquinha foi formado o primeiro grupo de estudos ufológicos na cidade, na casa do professor Renato Lourenço. O grupo autodenominou-se Associação Sorocabana de Exobiologia e contava com aproximadamente 20 pessoas. Algumas vezes as reuniões aconteciam nas dependências do Zoológico Quinzinho de Barros, com autorização obtida por um funcionário que integrava a equipe.
Ainda em janeiro de 1979, curiosamente uma semana após os fatos ocorridos em Sorocaba, a mais alta corte inglesa, a Câmara dos Lordes, abriu uma histórica discussão sobre a questão dos OVNIs.
Da mesma maneira curiosa, pouco depois de um mês do acontecido em Sorocaba, procedeu-se em São Paulo, a abertura do 1º Congresso Nacional de Ufologia, acontecido entre 15 e 17 de março de 1979, reunindo os maiores pesquisadores do Brasil e do mundo, com destaque para o já falecido astrofísico norte-americano J. Allen Hynek, do Projeto Blue Book, considerado a maior autoridade mundial no estudo de OVNIs.
O Caso Mariquinha marcou a memória das pessoas que tiveram a chance de testemunhá-lo. Tanto que no dia 9 de janeiro de 2009, exatos 30 anos depois do ocorrido, um encontro foi organizado no Gabinete de Leitura Sorocabano, para relembrar o caso.
“O encontro reuniu repórteres, testemunhas da época, estudiosos e interessados no tema. Pudemos conhecer diversos testemunhos de pessoas que, na época, não quiseram aparecer. Aliás, esse é um dilema com o qual o ufólogo tem que lidar. Perdemos relatos de histórias fascinantes porque muita gente, temendo cair no ridículo, prefere não se manifestar”, disse o ufólogo Jorge Facury Ferreira.
Para ele, não estamos sozinhos no universo e nosso planeta é rota de passagem de seres de consciência elevada. “Assim como nós, existem os bons, que apenas nos observam pacificamente, e os maus, que interferem em nosso meio em busca de material para pesquisas sobre nossa raça. Acredito que um dia, iremos nos encontrar”.
