
As informações constam nos arquivos sobre o assunto da FAB (Força Aérea Brasileira), disponíveis para consulta pública no Arquivo Nacional.
Desde 2010, a FAB manda para o Arquivo Nacional lotes sucessivos de documentos que ficavam sob sigilo no Comando da Força Aérea e partes do acervo estão disponíveis para consulta na internet no site do SIAN – Sistema de Informações do Arquivo Nacional.
A maior parte do material é composta pelas Fichas de Controle de Tráfego Hotel, preenchidas por pilotos civis e militares e controladores de voo. Mas há mais que isso: boletins de ocorrência, reportagens jornalísticas, fotos, desenhos, vídeos, áudios, depoimentos e documentos diversos integram o acervo.
Até a década de 1970, a Força Aérea Brasileira investigava os episódios mais notórios com equipes em campo e chegou a ter um departamento especial para realizar missões e investigações sobre o fenômeno OVNI.
Até os anos 1990, os arquivos ainda traziam recortes de jornais com notícias sobre o tema, mas hoje, são apenas feitos os registros das Ficha de Controle de Tráfego Hotel.
De acordo com a Aeronáutica, não há mais análise nos materiais desde os anos 1970, apenas é feito o registro e, a partir de 2010, eles passaram a ser enviados anualmente para o Arquivo Nacional.
Mais de 700 registros de OVNIs no Brasil

O Arquivo Nacional tem hoje em seu acervo 743 registros sobre a aparição de OVNIs no Brasil. Isso não quer dizer que foram vistos 743 discos voadores e sim qualquer objeto no céu que não foi possível descobrir de imediato sua origem natural. Ou seja, um OVNI nesse caso pode ser um drone, uma estrela, um satélite, um balão meteorológico ou até mesmo um fenômeno natural.
Entre os registros do AN, a primeira ocorrência é de 1952 e a última, de 2016. Os arquivos estão disponíveis para qualquer pessoa, que pode visitar a unidade do AN, em Brasília, ou acessá-los pela internet onde todos estão digitalizados.
Primeiro Registro
A primeira documentação da aparição de um OVNI no Brasil aconteceu na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e foi registrada com nove imagens fotográficas. O objeto é comparado à nave DC-5 na primeira foto. Porém, as outras fotografias mostram que ele tinha formato de disco, lembrando um prato.
O responsável pela equipe de processamento técnico do acervo da Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal (COREG) e técnico em assuntos culturais do AN, Raynes Castro, conta que há suspeitas de montagem nas fotografias, mas que não acredita na hipótese.
“Acho pouco provável. Para mim elas são originais. Até porque naquela época não existia manipulação de imagens como existe hoje em dia”, afirma Raynes.

Noite Oficial dos OVNIs
Os documentos mais famosos sobre o assunto foram coletados na Noite Oficial dos OVNIs, que ocorreu no dia 19 de maio de 1986. Nessa mesma data foram detectados cerca de 21 objetos voadores não identificados pelos radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). Cinco jatos da FAB foram enviados para persegui-los, mas nenhum obteve sucesso.
Tudo começou quando o operador da torre do Aeroporto de São José dos Campos, São Paulo, observou pontos luminosos que mudavam de cor, com a predominância da tonalidade vermelha, e perguntou ao piloto Alcir Pereira se ele estava vendo a mesma coisa.
Após a confirmação de Alcir, a Torre de Controle de São Paulo captou sinais sem identificação e o Cindacta I, em Brasília, detectou OVNIs nos radares de Goiás, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Por causa da velocidade dos objetos, o Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA) decidiu enviar os caças para persegui-los e interceptá-los. Porém, nenhum dos cinco caças conseguiu chegar perto dos OVNIs.
O Arquivo Nacional possui áudios e o relatório oficial do que aconteceu nesse dia. Os documentos confirmam que se tratavam de objetos sólidos e que demonstravam, de certa forma, inteligência.
Último Registro
O último documento registrado e enviado para o Arquivo Nacional foi um vídeo, em 2016, realizado por um civil, que relatou ter visto clarões e um objeto sem identificação.
Além dos registros de objetos não identificados, outros 114 temas estão disponíveis para pesquisa no Arquivo Nacional. O acervo tem acesso online por meio do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN).
O analista técnico do AN, Tobias Vasconcellos, adverte para a facilidade de acesso ao site sem sair de casa. “É muito fácil. Basta fazer um cadastro e entrar no SIAN. É bem mais prático analisar todos esses arquivos do seu próprio computador”, ensina Tobias.
Para efetuar o cadastro pela internet, o usuário deve entrar em http://sian.an.gov.br/sianex/consulta/login.asp
