Brasileiros fazem parte de programa que estuda “megaestrutura alienígena”

A variação no brilho de uma estrela despertou a curiosidade de cientistas e levantou diferentes possibilidades

A nova estrela é muito parecida com o caso da Estrela de Tabby (Foto: NASA/JPL-Caltech)
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Há alguns meses, cientistas publicaram no periódico Monthly Notices da Royal Astronomical Society uma pesquisa a respeito da VVV-WIT-07, uma antiga estrela detectada com a ajuda do telescópio VISTA, no Chile. O curioso da descoberta é que os pesquisadores notaram que algo estava bloqueando sua luz em até 80%. Entre eles, três brasileiros – inclusive Roberto Saito, responsável pela observação do fenômeno.

O físico é mestre e doutor na ciência com ênfase em astrofísica pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e, desde 2010, participa do programa VISTA Variables in the Via Láctea (VVV), que tem como objetivo elaborar o mapa da parte interior de nossa galáxia. Nas pesquisas do programa também é utilizado o SOAR (South observatory for astroficial research), um telescópio brasileiro para auxiliar os cientistas.

 

O principal trabalho de Saito é procurar por estrelas variáveis, aquelas cuja a luminosidade varia em uma escala de tempo menor que 100 anos. “Normalmente essas estrelas têm um episódio de luz muito fraca e depois mostram o brilho que deveriam ter. Isso pode acontecer por um planeta estar passando em frente à estrela, por exemplo”, explica ele em entrevista à GALILEU.

De acordo com Saito, a VVV-WIT-07 é curiosa por não apresentar essas variações com mesma periodicidade. “A maneira como ela varia não é periódico e o formato — sua curva de luz — não é simétrico. Além disso, a esfera chegou a ficar com um brilho imperceptível por até 48 dias.”

O que é isso?

O novo objeto recebeu o apelido de WIT (“What is this?” ou, em português, “O que é isso?”). Isso porque os pesquisadores não chegaram a uma conclusão sobre o que pode estar interferindo na luminosidade da estrela, apesar de terem certeza de que se trata de algo bem grande. Por isso, alguns estudiosos levantaram a hipótese de ser uma megaestrutura alienígena artificial.

Apesar das suposições, Saito não acredita que haja intervenção extraterrestre bloqueando a luz da estrela. Ele ainda relembra que outros dois casos semelhantes já foram registrados antes. O primeiro é a Mamajek, descoberta por Erik Mamajek, que chega a ter 95% de seu brilho ocultado pela passagem de um exoplaneta com anéis 200 vezes maior do que de Saturno. Já o outro caso diz respeito à Estrela de Tabby, que tem 20% da sua luz bloqueada quando qualquer material passa em sua frente.

Assim, a VVV-WIT-07 representa um caso intermediário entre os que já são conhecidos hoje. “Quando as outras estrelas foram observadas, também especularam que poderia ser que a diminuição de seus brilhos fosse em razão de uma megaestrutura artificial. Mas também existem outras explicações, como a de materiais passando em frente à luz, discos de gás ou de poeira, ou exoplaneta ou mesmo ‘meteoritos’ que tamparam a estrela”, diz Saito. “Temos que seguir observando e colher mais dados.”