Civilização Pré-Inca alongava crânios como marca de status social

Por volta do ano 1300, era extremamente fácil identificar quem pertencia à elite dominante no Peru: eles tinham a cabeça artificialmente alongada e afinada no topo.

Crânio alongado, fino no topo, característico de alguns membros na civilização Collagua, que viveu no Peru antes dos incas: pesquisador descobriu que tal modificação craniana servia para sinalizar status.
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Essa é a conclusão de um estudo do bioarqueólogo Matthew Velasco, da Universidade de Cornell, em Nova York (EUA), publicado na revista Current Anthropology.

Esta é a primeira vez que uma pesquisa mostra que modificações cranianas presentes em uma cultura serviriam como símbolos de status social, isto é, de diferença de classe.

Essas modificações eram feitas por membros da elite de uma pequena comunidade étnica conhecida como Collagua, que viveu no Peru até cerca de 300 anos antes do Império Inca tomar conta da região.

 

Os Collagua moravam no Vale do Colca, no sudeste do país, onde criavam alpacas e lhamas para fazer lã.

Essa civilização teria usado pedaços de madeira, firmemente presos às cabeças dos bebês, para modificar a forma como suas cabeças cresciam.

A prática foi banida pelos espanhois no século XVI.

De acordo com o autor da pesquisa, as modificações cranianas podem ter unido a poderosa elite do povo Collagua, mas também podem ter polarizado outros grupos, resultando em desigualdades sociais.

O estudo também sugere que as mudanças na forma de cabeça entre aqueles com poder podem ter ajudado a abrir caminho para uma incorporação pacífica da elite dos Collagua pelo império Inca.

“Uma maior padronização das práticas de modelagem de cabeça ecoa padrões mais amplos de formação de identidade nas terras altas do centro do sul e pode ter proporcionado uma base simbólica para a cooperação de grupos de elite durante uma era de conflito intenso”, afirma Matthew Velasco.

Logo no início do estudo, ao observar os formatos dos crânios de mais de 200 indivíduos daquele período, o pesquisador viu que crânios altos e finos tinham forte associação com alto status social.

A análise química dos ossos revelou que as mulheres do povo Collagua que tinham cabeças intencionalmente estendidas eram mais propensas a se alimentar com uma dieta mais variada do que aquelas sem modificações cranianas.

A equipe de pesquisa também observou que essas mulheres costumavam ter menos ferimentos do que as mulheres com crânios inalterados.

Os primeiros registros espanhóis também detalham outro grupo étnico: os Cavanas, que também povoaram a região do Peru.

Esses dados espanhóis mostram que, assim como os Collagua, os Cavanas também modificavam seus crânios, mas, em contraste com as cabeças altas estreitas dos primeiros, eles ampliavam e achatavam os crânios.